2014 (2014)

2014 é uma videoinstalação interativa composta por 3 monitores e uma impressora a laser. Dois monitores exibirão visualizações construídas em tempo real a partir de imagens e textos encontrados nos streams e murais públicos de perfis de redes sociais de moradores da cidade de São Paulo. O terceiro monitor exibirá um video que mostra um olho humano em close olhando para o espaço expositivo.

A impressora será programada para imprimir trechos do livro Nineteen Eighty-Four 1984 de George Orwell, de acordo com o volume de informação sendo publicada nas redes sociais; quanto mais informação, mais rápido imprimirá. Antes de serem impressos, esses textos passarão por um software de codificação que os transformará em imagens distorcidas, que só poderão ser lidas por seres humanos. Esse processo, que se chama Captcha, e serve para distinguir entre seres humanos e sistemas de inteligência artificial, é usado com frequência por sites para garantir a legitimidade de seus usuários.

Como instalação, essa escultura pode ser interpretada como uma grande máquina que transforma o conteúdo digital que estamos alimentando à redes sociais, em um registro físico, somente disponível presencialmente.

Contextualizado pela atual euforia coletiva por tecnologias móveis, redes sociais, smartphones e realidades aumentadas, o projeto procura questionar criticamente a mediação das nossas interações diárias, afetivas e locais por meios de comunicação comerciais.

2014 faz referência direta à obra literária Nineteen Eighty-Four 1984 de George Orwell, escrita em 1948, sobre uma sociedade distópica, controlada por um governo onipresente e totalitário. O livro, que já se encontra em domínio público em vários países do mundo, também foi parte de uma controvérsia envolvendo a empresa Amazon.com, que em 2009 apagou remotamente as cópias desse livro de todos os dispositivos Kindle, sem aviso prévio aos donos.

Apesar de não vivermos em sociedades controladoras e opressivas, esse caso, e casos recentes de vazamentos de informação de governos estrangeiros, como o da WikiLeaks em 2010 e do Snowden em 2013, servem como recordação de que estamos mais expostos e conectados do que sabemos. E apesar das companhias envolvidas negarem conceder acesso direto a seus dados, estamos criando uma versão propriamente contemporânea do Big Brother, através dessas tecnologias.